Prédio é avaliado em R$ 120 milhões. Leilão ainda não tem data definida. Construção marcou a história da revitalização da área central do Rio, no começo do século XX.
O primeiro arranha-céu da América Latina, na Região Portuária do Rio, será vendido pelo governo federal. O Edifício A Noite, que sediou o jornal e a Rádio Nacional, tem grande importância na história da arquitetura do Brasil.
O Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), que atualmente é responsável pelo imóvel, diz que não tem como mantê-lo. O prédio está sendo esvaziado desde 2012 e atualmente é avaliado em R$ 120 milhões. O local está abandonado.
A informação sobre a venda foi confirmada à GloboNews pela Secretaria de Patrimônio da União (SPU). Até o ano passado, o edifício estava sob a responsabilidade do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi). Em dezembro, ele foi cedido ao TRF-2.
O TRF-2 também não tem como arcar com os custos de renovação para colocá-lo em atividade por questões de orçamento. A venda ainda não possui data definida.
Marco de uma era
O prédio, que fica na Praça Mauá, foi uma das marcas do processo de modernização da cidade do Rio de Janeiro no começo do século XX, com a abertura de avenidas e o desmonte do Morro do Castelo. A fachada lisa e com grafismos chama a atenção.
“É um prédio que rompe com a escala da cidade, que vinha com prédios de dois, três ou quatro andares, cinco no máximo. Ele traz duas novidades: o concreto armado, que permite uma estrutura fantástica para a época, e o elevador”, destacou Carlos Fernando Andrade, do Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) do Estado do Rio de Janeiro.
Ele acredita que a revitalização custaria R$ 80 milhões, mas que esse valor seria quitado pela relação entre custo e benefício. Uma ação do Ministério Público Federal afirma que o estado de conservação geral do prédio é “crítico”.
Uma vistoria pedida pelo MPF constatou que o local possuía risco iminente de colapso do apara-lixo – tapume que impede que detritos de obra caiam na calçada, risco de queda de painéis da fachada do edifício, além do risco causado por falhas no sistema de incêndio. A União foi condenada a reformar o prédio em 2018, mas não cumpriu a decisão.
Fonte: G1