Quem aparece no vídeo é o síndico do condomínio, Matheus Vilela Vargas, que foi acionado pela equipe por volta das 5h30, após presenciar a invasão. Ele contou ao G1 que, apesar de o residencial ficar a cerca de 30 metros de uma área de mata, esta foi a primeira vez que aconteceu uma cena como esta.
“Não sei se ele estava fugindo de alguma coisa, algum predador, mas ele teve que se espremer em um espaço pequeno na grade para conseguir entrar. Tem um igarapé atrás do condomínio, uma área de mata com outros jacarés, capivaras, cobras, várias animais”, explicou Matheus. Ele acrescentou ainda que o animal foi devolvido, sem ferimentos, ao local de mata depois do resgate.
Ele afirmou que, antes de pegar o animal, tentou entrar em contato com o órgão ambiental responsável, no entanto, como teria que esperar por cerca de duas horas, decidiu pegar por conta própria. Matheus contou que não teve medo e já possuía um pouco de prática nesse tipo de ação. “Eu já servi ao exército, já peguei jacarés algumas vezes, então foi tranquilo”, contou.
Durante a captura, conforme relato do síndico, o animal se debateu algumas vezes, na tentativa de fugir, mas não se mostrou agressivo. Diante de tanta construção ao redor da área verde, para Matheus já era de se esperar que fatos como este pudesse acontecer. “Sabe Deus como esses animais conseguem sobreviver aqui, no meio de ruas e prédios, mas nós fazemos a preservação da mata”, disse.
Ele afirma que o espaço verde está registrado como área de preservação do condomínio, e os moradores são proibidos de fazer qualquer tipo de construção que possa invadir o terreno.
Em relação à questão de segurança dos condôminos, para que ninguém venha a ficar ferido ao se deparar com algum animal, ou possa oferecer ameaça aos bichos, o síndico esclarece que a propriedade possui cercas e grades de proteção devidamente instaladas.
“Ele passou em um local de difícil acesso, mas, de qualquer forma, vou colocar mais umas telas para proteger onde ele passou”, afirmou.
De acordo com a bióloga da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) Luciana Frazão, que analisou as imagens, a espécie é comum e fácil de ser encontrada nos igarapés urbanos de Manaus. A recorrência de chuvas na cidade causa um alagamento na região e normalmente provoca o deslocamento e dispersão dos jacarés.
Na avaliação da especialista, a contenção do animal foi feita de maneira correta pelo síndico, porém ressalta que é importante aguardar a chegada de um órgão ambiental para o resgate. “Não é considerada uma espécie agressiva, mas é importante respeitar o espaço dele. Se o animal se sentir ameaçado, ele pode morder”, explicou Luciana.
Fonte: G1 / R7