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MERCADO IMOBILIÁRIO: Da recuperação ao crescimento

O mercado da construção civil voltou a apresentar resultados positivos, deixando para trás um ciclo de queda de quatro anos. Prova desse bom momento do setor são os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) referentes ao terceiro trimestre de 2019. Conforme o Instituto, o PIB do setor teve alta de 1,3%, em relação o segundo trimestre do ano, o que incrementou o crescimento do PIB nacional para 0,6%. O resultado positivo fez com que o IBGE revisasse o PIB da construção referente ao segundo trimestre de 2019, que passou 2,4%, 5 vezes superior ao PIB geral do Brasil (0,47%).

Para o engenheiro Rafael Roriz, gerente de desenvolvimento imobiliário do Grupo Toctao, um dos principais motivadores dessa melhora é sem dúvida a atual política de juros adotada no País. Segundo ele, com uma taxa selic a 4,5%, a mais baixa da história, um grande efeito deste cenário é o barateamento do financiamento imobiliário para o consumidor final e para as próprias empresas na hora de executar seus projetos.

“A queda dos juros melhorou a oferta de crédito e a aprovação das reformas estruturantes está trazendo de volta os investimentos, o emprego e a confiança do consumidor”, avalia. Depois do resultado positivo de, até novembro de 2019, ter comercializado cerca de 650 lotes nos condomínios horizontais e cerca de 500 unidades habitacionais nos empreendimentos populares lançados, para 2020, o Grupo está com a previsão de lançamentos de dois empreendimentos verticais, ambos em Goiás; sete condomínios horizontais nos estados de Goiás, Minas Gerais, Paraná e São Paulo e mais quatro projetos do Minha Casa Minha Vida em Goiás, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

O retorno dos  investidores

A taxa de juros mais baixa repercutiram também nas aplicações atreladas à Selic, como os títulos CDB e CDI, que deixaram de ser atraentes. Com isso, diz Fernando Fonseca, diretor da ABL Prime, empresa que trabalha com desenvolvimento e gerenciamento de projetos urbanísticos e imobiliários por todo o Brasil, os compradores investidores estão de volta ao mercado imobiliário. “O juro real no Brasil nunca esteve tão pequeno e isso, sem dúvida, vai promover uma migração dos investidores para imóveis e fundo de investimentos lastreados em produtos imobiliários. Percebemos esse movimento já em 2019, e a tendência é de que isso aumente em 2020”, avalia ele.

Para o empresário Cleberson Marques, diretor da Atmo Desenvolvimento Imobiliário, sócio da ABL Prime no desenvolvimento do Gran Life em Anápolis, outro importante aspecto tem contribuído para volta dos investidores ao mercado imobiliário é a mudança na forma de composição dos financiamentos imobiliários no Brasil, que deixou de balizar as negociações pela Taxa Referencial (TR) para permitir o uso do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). “Essa mudança atraiu o olhar do mercado financeiro, especialmente dos fundos imobiliários, pois é uma regra já utilizada pelos bancos, inclusive internacionais”, explica.

Descolando

“Sim, estamos descolando dos efeitos negativos de uma aparente crise política que insiste em não findar e 2020 será um ano em que iremos decolar novamente para um crescimento incrível”, essa é a avaliação otimista do especialista imobiliário e diretor da URBS Imobiliária, Ricardo Teixeira. E ele ainda completa:  “Percebemos que muitas empresas voltaram a lançar, em diversos segmentos, inclusive no nicho comercial, o que é um forte indicativo do aumento da atividade econômica no País”, destaca.

Ainda segundo ele, a atual política de juros mantidos nos patamares mais baixos da história tem como um dos seus principais efeitos a inclusão de mais famílias no mercado, que passam ter capacidade de financiamento. “Quem antes não tinha condições de encarar um financiamento devido às altas taxas, agora tem”, diz.

Duas mil unidades

Com a retomada da economia e a queda histórica dos juros no País, muitas empresas do setor da construção já estão tirando da gaveta muitos projetos que estavam aguardando apenas um melhor momento para lançamento. É o caso da Tapajós Engenharia, que ao completar 30 anos quer atingir uma meta ousada em 2020 de duas mil unidades lançadas, só em Goiânia.

O fundador da empresa, o arquiteto Vicente Pessoa, lembra que em três décadas atravessou vários momentos de economia instável e que a crise de 2014, felizmente começa a dar sinais de que está passando. “Com tanta instabilidade financeira chegar ao marco de três décadas é muito gratificante. Vale a pena olhar para o passado e ver que as nossas decisões e atitudes enquanto empresa foram acertadas”, diz o empresário.

Empregos

 A retomada do setor da construção é especialmente comemorada pelos economistas porque o segmento é um forte gerador de empregos no País. Com a melhora do cenário econômico, empresas retomam projetos que estavam suspensos e até ampliam seus planos para 2020. O diretor técnico da Queiroz Silveira Incorporadora, Rogério Queiroz, garante que empresa irá contratar mais.

A construtora, com 20 anos de mercado, irá iniciar no primeiro trimestre as obras do Marista Prime Residence, localizado em um dos setores mais nobres de Goiânia. A incorporadora ainda retomará, em meados de 2020, as obras do Golden Shopping, na Vila Pedroso e o residencial Sonho Dourado, na região leste de Goiânia. Com essas três novas construções previstas para andamento neste ano a geração de empregos também irá aumentar. “Atualmente temos cerca de 500 colaboradores e a nossa expectativa é que isso aumente em 15%”, conta Rogério Queiroz.

Fonte: Jornal Hora Extra

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Cinco construtoras devem entrar na Bolsa e movimentar R$ 5 bilhões

Ao menos cinco construtoras residenciais estão com ofertas iniciais de ações engatilhadas para este ano, que devem somar cerca de R$ 5 bilhões. As ofertas subsequentes do setor (quando uma empresa que já tem capital aberto faz novas emissões) também fizeram fila no ano passado e devem seguir aquecidas em 2020. As companhias buscam musculatura para prepararem seus lançamentos.

De acordo com um levantamento feito pela Economática a pedido do Estado, o setor de construção foi o que teve maior retorno (105,8%) em 2019 na Bolsa. Os papéis superaram em rendimentos os subsetores definidos pela Anbima como petróleo e gás (66%), energia elétrica (51%), comércio (40,5%) e intermediários financeiros (20%). Os especialistas alertam, porém, que muitas das ações de construção podem já ter atingido seu preço de equilíbrio.

Em 2019, os números do setor foram notáveis. Com 81.218 unidades lançadas até outubro, o volume de novos imóveis foi 6,8% superior ao registrado no mesmo período de 2018. Além disso, as vendas de novas unidades cresceram 9,8% em comparação com o ano anterior, segundo dados da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc). De acordo com o Departamento de Economia e Estatística do Secovi-SP, só em outubro foi registrada a venda de 3.467 unidades residenciais novas, resultado 23,2% maior que as vendas de outubro de 2018 no Estado de São Paulo.

Em ano de retomada, as empresas de construção já listadas na Bolsa captaram um total de R$ 5,5 bilhões por meio de oferta subsequente de ações. Foram os casos de Tecnisa, Trisul, Eztec, Helbor e Gafisa, entre outras, que usaram esse dinheiro para pagar dívidas e aplicar em novos empreendimentos. Em 2018, o retorno das ações de construção foi de apenas 4,53%. E, em anos anteriores, como 2014 e 2015, os papéis chegaram a se desvalorizar 34%.

Isso indica que a alta de mais de 105% de 2019 também pode ser explicada pelo patamar de preço relativamente baixo em que o setor se encontrava. O levantamento da Economática, que comparou a valorização dos setores da Bolsa, considerou papéis com volume médio diário superior a R$ 1 milhão por dia em 2019 e presença nos pregões acima de 90% com quatro ou mais representantes.

Na onda positiva para o mercado imobiliário – puxada principalmente pelos juros mais baixos que facilitam financiamentos –, as construtoras Moura Dubeux e Mitre já pediram registro para realizarem oferta de ações na Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Outras três – Kallas, Cury e You,Inc – estão com sindicatos de bancos contratados para coordenar os processos esperados para o segundo semestre. A última vez que uma construtora estreou na Bolsa foi em 2009, quando a Direcional abriu capital.

Perspectiva

O coordenador do laboratório de finanças do Insper, Michel Viriato, diz que, apesar do cenário otimista, não se deve esperar uma valorização histórica dos ativos em 2020. “Não vamos ver, provavelmente, uma explosão como houve em 2013. Estamos em outro momento de crescimento econômico.” Ele comenta ainda que, com os retornos observados no último ano, há empresas que já atingiram seu potencial. “Não estou dizendo que já passou a hora de investir nesse setor, mas muita coisa já atingiu seu preço. É preciso tomar muito cuidado com setores badalados, porque eles podem já estar refletindo as expectativas”, diz.

“Os novos IPOs acontecem agora porque antes disso ninguém estava interessado em comprar papéis de construção. O mercado estava muito ruim”, explica o professor de finanças da FEA-USP Keyler Rocha. Em sua visão, em tempos de juros baixos há espaço para a continuidade do crescimento do setor, já que ele é dependente de financiamentos. Ele pondera, porém, que ganhos passados não garantem lucros futuros.

O número de estreantes na Bolsa pode ainda engrossar. Outras construtoras, além das citadas, cogitam tomar o mesmo caminho. Companhias de outras regiões, para além do Sul e Sudeste, também estudam se capitalizar via oferta de ações, tal como a pernambucana Moura Dubeux. “Temos a possibilidade neste ano de mais follow on e algumas ofertas iniciais”, diz o sócio da área de mercado de capitais do escritório Mattos Filho, Jean Marcel Arakawa. Segundo ele, empresas do setor sinalizaram intenção de ir a mercado.

Nessas estreias, o investidor pode se perder. Viriato, do Insper, afirma que escolher entre os IPOs e as empresas que já têm capital aberto não é tarefa fácil nem mesmo para especialistas. “Para quem está começando no mercado é sempre melhor acessar esses ativos por meio de fundos”, diz.

Outra questão a ser considerada pelo investidor é que o capital arrecadado pode causar corrida por terrenos e aumento rápido nos preços, comprometendo a rentabilidade das construtoras e frustrando os acionistas. “O superaquecimento começa a ser uma preocupação. As empresas se capitalizaram e saíram comprando terrenos”, afirmou Gustavo Cambaúva, analista de construção do BTG Pactual. “Isso ainda é uma situação muito concentrada nos bairros nobres de São Paulo, mas é natural imaginar que vai chegar aos outros bairros em breve.”

Fonte: Estadão